[A Caverna] – A Jornada do Herói

Christopher Vogler, escritor do livro A Jornada do Escritor (recomendo fortemente!), chegou a famosa receita de bolo de Hollywood (ele diz que não é!), conhecida como A Jornada do Herói.

Estágios da Jornada do Herói

1. Mundo Comum
2. Chamado à Aventura
3. Recusa do Chamado
4. Encontro com o Mentor
5. Travessia do Primeiro Limiar
6. Testes, Aliados, Inimigos
7. Aproximação da Caverna Oculta
8. Provação
9. Recompensa (Apanhando a Espada)
10. Caminho de Volta
11. Ressurreição
12. Retorno com o Elixir

Clique aqui para ler um resumo de cada um.

A primeira etapa é criar o mundo em que o personagem vive, para depois mostrá-lo num novo e melhorado outro mundo, o de aventuras. E nesse post, exercitaremos o Mundo Comum.

Em Harry Potter e a Pedra Filosofal, nós conhecemos primeiramente O Sr. e a Sra. Dursley, que se orgulhavam de dizer que eram perfeitamente normais, muito bem, obrigado.

O Sr. Válter Dursley trabalha na Grunnings, e sua mulher, Petúnia é dona de casa. Válter passa o dia atendendo a telefonemas e gritando com os funcionários. Petúnia  é uma fofoqueira que a única coisa da qual se orgulha é em deixar a casa tinindo de limpa. E tem o Duda, filho do casal, que é um garoto gordo, mimado e muito irritante que passa o dia comendo e jogando a comida na parede.

Esse é o Mundo Comum dos Dursleys, o mundo que estamos cientes de que está com os dias contados para mudar drasticamente.

Vamos criar um personagem e um mundo comum para ele.  Digamos que nosso personagem se chame João.

João trabalha de segunda a sexta num cubículo claustrofóbico, em frente ao PC, fazendo cálculos. Por algum motivo que ainda não entendia, acabou virando contador. Passava dia após dia, olhando desfocadamente para a tela, se perguntando se era realmente aquilo que queria fazer pelo resto da vida.

Ele ficava num lugar quente da sala. Ali fedia a Cheetos e o cara que trabalhava ao seu lado, que ele conhecia apenas pelo apelido de Gordo, simplesmente não podia ser humano. Soltava gases de todas as durações, sem aviso prévio, e ainda procurava ao redor, como que em busca do culpado. Áa quatro horas da tarde, João já estava ensopado e enjoado, contando as horas de seu relógio de pulso, rezando para ir embora.

Em sua mesa de trabalho, papéis embaixo do teclado. João gostava de rabiscar quando estava de saco cheio. Ninguém parecia se importar mesmo. Quando era adolescente seu sonho era trabalhar desenhando os personagens da Marvel. Amava quadrinhos. Ele conseguia fazer o melhor Homem Aranha que já viu, de qualquer ângulo, em qualquer posição… mas gostava mesmo era de desenhar uma contadora do prédio, a Ana. Perdia a fala quando ela lhe perguntava qualquer coisa e não conseguia controlar a imensa vontade de sorrir.

Talvez por isso a maioria dos colegas de trabalho ache que João é meio retardado. Ele está pouco se importando com todos eles… aparentemente o sentimento é recíproco.

Em poucos parágrafos já começamos a sentir um pouco a agonia de João. Ele trabalha num cubículo, detesta o que faz e aparentemente vem fazendo isso há um bom tempo. A “sala” fede a salgadinho… o cara do lado peida o tempo todo… é tão, mas tão chato, que às vezes ele olha pra o computador e tudo fica embaçado.

A gente também pode ver que o ambiente de trabalho é uma merda! As pessoas não se conhecem direito, são todas praticamente estranhas e algumas (os que acham que o João é retardado) não devem ser nada amistosas.

Esse é o mundo comum do cara. Uma verdadeira chatisse.

PRIMEIRO EXERCÍCIO DO BLOG!

– Crie mais situações para mostrar (mostrar, não contar) a vida do João em seu mundo comum. Descreva o cara. Crie detalhes vívidos (LEMBRE-SE DISSO!) ao relatar o que acontece com ele. Crie uma história de background pra ele.

Faça as pessoas sentirem pena dele (Oh, Harry Potter, coitadinho, é órfão!). Simpatizarem e empatizarem com ele. Conte o que ele faz fora daquele cubículo. O que o leveu àquele lugar? Por que ainda está ali? Se acomodou? O que o prende ali? É por que tem que pagar o aluguel do apartamento? É por que acha que não sobreviveria em outro lugar?

Até o próximo!

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