
Olá! Bom dia, boa tarde, boa noite. Faz uma caralhada de tempo que não apareço, porque senti que, até agora, não tinha nada de legal pra acrescentar na vida de vocês (estou dramática faz alguns meses). Mas eis que resolvem fazer um reboot de TOMB RAIDER.
Qual gamer não ama Tomb Raider, caceta? Lara Croft é a rainha dos games e toda aquela frescura por ser a personagem feminina mais forte e blá blá blá. Podemos resumir tudo com um simples: ela é foda pra caralho.
Pra quem não joga, ou desconhece o poder da realeza dos games, Tomb Raider (o jogo), teve um reboot maravilhoso em 2013, depois outro em 2015. Fazendo toda aquela nostalgia dos anos 90, voltar com toda a força porque olha esses gráficos:

O jogo estava mais realista, assim como a Lara, que deixou aquela aura de guerreia amazona, para ser uma mulher normal, que é judiada demais, que se corta, sangra, leva porrada, mordida e sente tudo. Aliás, nós sentimos tudo.
A Lara está muito mais humana.
Tentando apanhar do jogo essa ideia de humanizar a Lara, e fazer com que a gente literalmente se sinta num gameplay, o pessoal meio que deu uma escorregada no roteiro.

Digo isso porque o filme não é ruim. As cenas de ação são muito boas, quando a Lara pega no arco e flecha, chega meu coração deu aquela acelerada e, vamos combinar, a Alicia Vikander simplesmente arrasou, se tem uma coisa 100% no filme, é ela, a coitada não tem culpa de ter que seguir um roteiro meio meeehh, tipo diálogos previsíveis e etc. Mas olha só, eu assisti A Forma da Água e não teve um momento sequer que eu não sabia o que ia acontecer. EU SABIA COMO IA TERMINAR LÁ NO COMEÇO… Essa escorregada nos diálogos, cenas de puzzles muito corridas e clichés que poderiam ser evitados, rendeu uma nota muito inferior ao que acho que ele merece:

Então vamos falar do verdadeiro problema aqui…
POR QUE É TÃO DIFÍCIL FAZER FILMES BASEADOS EM GAMES?
Por que existe essa ideia de que seguir exatamente a história do jogo seria ruim? Não dá pra entender. Você tem uma atriz foda pra interpretar uma personagem foda e se usa de clichés que nem existem no jogo.
Tem um cliché específico que me emputece sempre que vejo…
AQUI SE ENCONTRAM SPOILERS!! ESTEJAM AVISADOS!
Aliás, acho que em quase todos as histórias, Richard Croft era até um pai um pouco incompetente, deixando a Lara escanteada para o que realmente importava na vida dele, que eram suas pesquisas. Como há várias versões de vários reboots, acho que os roteiristas ficaram livres pra fazer merda.
O cliché do herói morto, que na verdade não estava morto, mas navegando sem rumo pela falta de coragem e só volta no último ato, para morrer de verdade, dessa vez como herói mesmo. Porra, bicho… vamo deixar quem tá morto, morto? Aquela cena lá com o pai dela e aquele lance do beijo, me incomodou demais.
Momento cultural:
(que retirei daqui – com algumas modificações e cortes que achei necessários). Senta que lá vem história. Uma história que o filme deveria ter usado.

A história mais recente é que Richard Croft, enquanto pesquisava numa biblioteca em Oxford, conheceu Amelia de Mornay. Rapidamente se interessou por ela e, mesmo que a família dela o tratasse com indelicadeza e desprezo, ele relevou tudo aquilo para poder ficar com ela. Acabaram se casando, e mais pra frente nasceu a Lara (aparentemente de um parto complicado).
Tudo estava bem, tendo a família lançado diversas publicações e livros, até que o avião em que Lady Amelia se encontrava, caiu no Tibet. Transtornado, ele vai até lá, encontra o local do acidente, o corpo e diversas cartas que ela escrevera para ele e para Lara. Então do meio dessa devastação surge o interesse (ou aumenta o interesse) pelo oculto. Ele queria poder trazer a mulher de volta e começa a procurar sobre rituais de ressurreição. Nada deu certo, então ele enterrou seu corpo numa cripta da família Croft, numa elaborado sarcófago. Como ele não disse a ninguém que a havia encontrado (e a enterrado), para todos os efeitos, ela era considerada “desaparecida”.
Ainda à procura da imortalidade/ressurreição, depois de algum tempo Richard conhece, numa conferência sobre Arqueologia e Antropologia a Ana. O relacionamento vai crescendo de uma intriga até um romance, onde mais tarde Ana é apresentada a Lara na esperança de ser um boa influência em sua vida.
Richard encontra um mito sobre a Fonte Divina e o Profeta não-morto, que supostamente havia usado seus poderes para vencer a morte. Investigando mais a fundo, ele encontra, na Síria, o que acreditava ser a tumba desse profeta.
Essa vertente do sobrenatural rendeu a Richard Croft a ruína de sua reputação e ele se transformou num assunto de risadas. Suspeitando que estava sendo sabotado deliberadamente, construiu um laboratório secreto embaixo de sua casa. Mais tarde ele descobriu que sua paranoia era acertada. Ele estava sendo perseguido por um grupo chamado Trinity.
Então ele começa a deixar gravações e cartas para Lara, que crescia frustrada por nunca ter exatamente um tempo decente com o pai. E o último diálogo entre os dois é a Lara dizendo que pouco se importava com o “trabalho importante” que ele supostamente fazia, tudo o que ela queria era ter um pai.
Com medo de ser exposta, a Trinity (cujo Ana é espiã) manda assassinar o Richard, fazendo com que a cena pareça a de um suicídio. O corpo dele é encontrado por Lara ainda jovem.
Daí com toda essa coisa de pai ausente, do suicídio, da imprensa massacrando as pesquisas, o chamando de maluco, etc, a Lara se distancia de tudo e do próprio nome durante muitos anos até presenciar evidências de Himiko (a alma imortal), percebendo que seu pai estava certo e retomando suas pesquisas (e virando o novo alvo da Trinity).
Inclusive os plots dos games de 2013 e 2015 são exatamente essas pesquisas. No de 2013 ela vai para Yamatai, descobrir sobre Himiko. Tem uma cena massa que é ela em cima de uma passarela / corredor e embaixo está passando o exército de samurais mortos-vivos da Himiko. É tenso demais. Ela deve destruir a tomba de Hamiko para evitar que a Trinity roube aquele poder.
Em 2015 a Lara vai investigar, a Fonte Divina, o Profeta que venceu a morte, novamente destruindo a tumba por conta da Trinity…

Vê que massa, que ponto de partida incrível pra se começar um reboot decente de uma franquia tão poderosa quanto Tomb Raider. Ao invés de mostrar aquelas cenas dela criança com o pai – que simplesmente não levam a nada, mostrava o pai tendo a reputação destruída, ficando maluco por conta da morte da mulher, fazendo as pesquisas de campo e tal, a Lara estudando em casa, resolvendo pequenos puzzles… TÁ LIGADO?
Os caras tem a história toda nas mãos. A FACA E O QUEIJO. Tudo criado por eles mesmos. WTF??
Não estou irritada com o filme, nem nada, mas com a capacidade que os caras têm de se auto-sabotar. Ficou muito claro que o filme vai ter uma continuação e eu espero que a mão que escreva o roteiro não escorregue tanto dessa vez, porque é quase um pecado macular a franquia Tomb Raider!
Torcendo pro próximo ser um pouco melhor! <3
